O que esperar da economia brasileira nos próximos meses? Esse é um questionamento que intriga muitas empresas do país, principalmente do segmento industrial.
A partir de agora, já é possível acompanhar os rumos que o próximo governo indica para o setor econômico. Durante o governo de transição, a área foi motivo de discussões, tendências e muita especulação (tanto do mercado brasileiro quanto do internacional). As reações imediatas e quase sempre esperadas para cada posicionamento da nova gestão demonstram a desconfiança acerca do Brasil, principalmente porque o país ficou polarizado. Essa divisão afastou alguns investidores, mas da mesma forma encheu de esperanças outros tantos.
Como ainda há muita dúvida sobre quais serão os caminhos que o Brasil seguirá nos próximos anos, o que podemos esperar da macroeconomia nacional em 2023? Já é possível fazer previsões?
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Macroeconomia como parâmetro
Os objetivos da macroeconomia incluem o crescimento econômico, o pleno emprego, estabilidade dos preços e o controle inflacionário. Dessa forma, estão intimamente ligados a ela números de renda (e distribuição de renda), PIB, empregabilidade, crescimento econômico, etc. Como a macroeconomia reforça o que o mercado estrangeiro compreende de um país, observar quais são as tendências para essas áreas pode ajudar a fazer algumas previsões para o Brasil.
Sobre o controle inflacionário, tão discutido nos últimos meses no Globo, será o primeiro grande desafio da presidência em 2023. Isso porque, conforme falou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento da Febraban em novembro de 2022, a inflação mundial está em um pico que, ao que tudo indica, tende a desacelerar ou estabilizar. E, caso estabilize, o desafio será mantê-la dentro do controle para que a economia volte a reagir.
Já sobre o desemprego, a boa notícia é que os números estão caindo. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios Contínua (PNAD), a taxa de desocupação de agosto a outubro ficou em 8,3% (9 milhões de pessoas). A pesquisa aponta que é a menor taxa de desemprego registrada no período desde 2014.
Porém, a melhoria no cenário da empregabilidade não reflete o crescimento econômico nacional. Conforme pesquisa do IBGE, o PIB teve desempenho menor que nos trimestres anteriores (embora ainda seja positivo).
As previsões para o ano de 2023 refletem uma perda e, portanto, há expectativa de desaceleração do crescimento que se mantinha desde o 3º trimestre de 2021.
Historicamente, o período analisado pela pesquisa é de desaceleração econômica, especialmente porque as empresas se preparam para o fim do ciclo do ano e começam a estabelecer as metas das próximas etapas. É claro que o desempenho econômico positivo de 2022 também teve muita relação com os estímulos financeiros dados pelo governo, que incluíram os saques do FGTS, antecipação do 13º e o Auxílio Brasil de R$ 600,00. Apesar desses incentivos continuarem no 4º trimestre, economistas brasileiros projetam uma queda contínua dos valores do PIB para o período, além de números ainda mais tímidos para o próximo ano.
A equipe da transição de governo, liderada pelo ex-governador e futuro vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, conversou com o Parlamento para a manutenção do auxílio, mesmo ele não estando no orçamento do governo para 2023. A medida, além de política, também impacta diretamente no poder de consumo das famílias mais pobres do país. Levando em consideração o número de desempregados e também de pessoas em situação de vulnerabilidade, pode ser uma medida emergencial.
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Teto de gastos
Entre tantos benefícios e preocupações orçamentárias, outra discussão presente que vai permear a economia brasileira é o famoso teto de gastos. Sobre isso, recentemente o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (BNDES), Gabriel Galípolo, afirmou que a média de gastos comparada com a arrecadação nacional demonstra que o país concentra renda e gasta muito sem desenvolvimento sustentável.
Por isso mesmo, a tendência é que o governo de Lula invista mais em saneamento, transição energética e mobilidade urbana. Assim, além de um desenvolvimento mais pronto para o futuro, também acaba incentivando a economia a voltar a crescer.
Para não romper ainda mais com o teto de gastos, economistas defendem as parcerias público-privadas. Se isso acontecer, ponto para as empresas que estão preparadas para atender ao governo, com estruturas e esferas administrativas.
Cenários econômicos vão impactar a indústria?
Tantas inseguranças nos dados econômicos e baixa animação do mercado para o que está por vir certamente irão influenciar a indústria nacional. Assim como a possibilidade de mudança de governo que deve abrir janelas da oportunidade para novas oportunidades e cenários. O principal problema ainda será o processo transitório de governos, que costuma provocar inseguranças no mercado internacional. No entanto, como o próprio cenário já se posicionou favorável ao governo Lula, também podemos esperar mais investimentos exteriores.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em novembro que fará investimentos de mais de R$158 milhões de reais na mineração brasileira. O objetivo da empresa estadunidense é a transformação de minerais estratégicos, níquel e cobalto. O motivo de o governo estar envolvido no processo é porque o país deseja diminuir a dependência das cadeias produtivas dominadas pela China. Com isso, o Brasil se beneficia de investimentos fundamentais que garantem mais emprego, renda e possível crescimento de mercado.
Mas, ainda assim, os investimentos caminham para um crescimento modesto. O setor da construção civil, que registrou aumento nos últimos dois anos, prevê, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) uma previsão de menos de 5% de crescimento. A posição ainda é otimista e leva em consideração a economia mantendo o nível de crescimento e nenhuma perda ou crise. A estimativa positiva leva em consideração a venda de imóveis e novos financiamentos, além das construções e reformas em residências.
Se a construção ficar em alta, indústrias como a do aço também acabarão sendo impulsionadas. As previsões do setor caminham para um avanço de até 2% em 2023, desde que os programas habitacionais e os incentivos governamentais pesem para esse consumo. Do outro lado da moeda, a indústria calçadista está menos otimista e já projeta redução para esse ano.
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Podemos esperar algo da economia brasileira?
Embora já se façam previsões de que a economia brasileira tem como tendência a estagnação e a manutenção dos índices da macroeconomia, é cedo para fazer prognósticos certeiros. Indícios e complementações deverão aparecer com mais confiança a partir do momento em que a nova gestão com os Ministérios informarem quais serão as políticas adotadas.